Muitas pessoas se perguntam qual é a relação entre vegetarianismo e Yoga. Afinal, uma boa parte dos praticantes opta por uma dieta livre de carne. Mas você sabe o motivo para isso? Esse é o tema que vamos abordar a seguir.
Em sua grande maioria, a comunidade hindu é composta por pessoas vegetarianas. Isso devido a uma série de acontecimentos históricos, que incluem desde a proibição do consumo de carne por parte dos primeiros invasores do Islã, os costumes das elites políticas e econômicas da Índia antiga até crenças religiosas do hinduísmo.
Mas, um detalhe que precisa ser levado em consideração neste aspecto importante da cultura védica é que os antigos hindus, principalmente os que se dedicavam às práticas espirituais, intelectuais e artísticas notaram que uma alimentação baseada em nozes, sementes, hortaliças, legumes, frutas, cereais, raízes e produtos lácteos, melhorava o desempenho nas áreas em que atuavam.
Observaram também que uma dieta vegetariana produzia menos agentes intoxicantes aos organismos, se constituindo em uma estratégia eficaz de higiene alimentar e incremento para a expectativa de vida das pessoas.
Para compreender os pilares dessa recomendação, ou até mesmo, o princípio de boa saúde, é necessário penetrar um pouco mais nos aspectos sutis da alimentação vegetariana para entender a sua herança cultural na tradição dos praticantes de Yoga.
Mas, antes de mais nada, é importante que você entenda que para aprofundar os seus conhecimentos na filosofia ou na prática de Yoga, não é necessário se tornar vegetariano (a).
Ligação entre Yoga e vegetarianismo
Vegetarianismo e Yoga têm um berço comum: a Civilização do Vale do Indo que há mais de três mil anos tratou de maneira abrangente a questão da não-violência. Eles estenderam a aplicação da ética para todos os seres vivos e elementos do mundo, dos animais até os rios.
Não-violência e o poder da escolha
O argumento básico para o vegetarianismo no contexto de Yoga está aqui, em outras palavras, pôr em prática o valor da não-violência, chamado de ahimsá em sânscrito.
Mais do que isso, se trata de exercer a nossa capacidade de optar por partir de um entendimento novo. Comer carne na nossa sociedade não foi algo que escolhemos em algum momento. Não aconteceu uma escolha deliberada, muito menos uma reflexão. Como o Yoga propõe um caminho de liberdade, é fundamental se deparar com a possibilidade de realizar escolhas e não agir de maneira “programada”.
Mesmo que no final, você decida continuar comendo carne, como sempre fez, viver essa reflexão já é algo extremamente benéfico, pois nos coloca diante do que podemos chamar de livre arbítrio.
Além da não-violência
Existem muitos outros argumentos para adotar uma dieta livre de carne, inclusive do ponto de vista nutricional, o que parece contra intuitivo para muitos. A dieta vegetariana pode te levar a seguir hábitos mais saudáveis, e também sob um prisma maior, mais sustentáveis, pois ajuda na preservação do meio ambiente. Inclusive, a não-violência, envolve também o cuidado pela natureza e pelas plantas, além da maneira como nos relacionamos com os outros humanos e animais.
Yoga e a alimentação das pessoas vegetarianas
Existem algumas razões para os praticantes de Yoga se tornarem vegetarianos, entre elas podemos destacar três principais:
1. O dharma e a ética ambiental
Dharma significa “aquilo que mantém unido”, e se refere não somente às leis naturais, mas também à Força Consciente de harmonia e coesão que produz e mantém o universo. Outra interpretação no plano humano é de um grupo de valores, universais e eternos, por meio dos quais se define uma convivência harmônica na sociedade. E, por fim, também pode ser entendido como aquilo ao que as pessoas se mantêm fiéis por toda a vida, ou seja, o propósito humano.
Neste sentido, comer carne vai contra a lei universal, porque significa não só participar, mesmo que de maneira indireta, em ato de violência e crueldade contra o reino animal, mas também contra o meio ambiente, quando somos coniventes com a destruição da floresta para montar os pastos de engordo e criação de gado. Se uma parte da extensão da terra fértil utilizada hoje em dia para criar gado fosse usada para plantar, o problema de fome no mundo acabaria.
2. Saúde
É mais do que claro que uma dieta rica em carnes é responsável diretamente por uma interminável série de problemas de saúde, que vão desde prisão de ventre até o mal de Parkinson , entre muitos outros. O Uruguai, por exemplo, país onde o consumo de carne é maciço, é recordista em mortes por câncer de cólon no mundo, em números relativos à população. Ou seja, as pessoas vegetarianas correm menos riscos menores de saúde
3. Progresso espiritual
Nem todas as tradições espirituais do Oriente abraçam o vegetarianismo em relação ao progresso espiritual. Por exemplo, o budismo tibetano não faz menção ao tema, isso acontece por duas razões. Primeiro, o Tibet é um país íngreme, muito frio e alto, em que não é possível para grande parte da população seguir uma alimentação sem carne. Segundo, Buda não quis colocar restrição alguma a seus monges em relação à alimentação para evitar que eles se apegassem a uma dieta e parassem de aceitar o alimento que lhes era dado como esmola.
Inclusive, o próprio Buda faleceu devido a uma intoxicação que adquiriu em um jantar que foi servido porco, que ele não rejeitou pela questão do desapego já mencionado. Já Dalai Lama recomenda aos seus seguidores uma dieta vegetariana.
Filosofia de Yoga e o consumo de carne
Como já falamos, não é necessário se tornar vegetariano para a prática de Yoga, nem para se aprofundar, nem para começar. Essa é uma escolha que algumas pessoas fazem. Importante é a reflexão e a compreensão do que faz melhor para o seu corpo e para a sua vida.
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